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Foto do escritorAriane Angioletti

Qual o valor da hospitalização dos pacientes covid?


Hoje eu resolvi usar de toda a minha falta de talento matemático e estatístico para buscar a resposta para a seguinte pergunta: Quanto custa o atendimento hospitalar dos pacientes covid?


Buscando dados para responder minimamente esta pergunta, encontrei a publicação de dados numa revista online especializada no setor de saúde[1] e as informações levantadas pelo consórcio de imprensa[2].


Não tenho qualquer familiaridade com estatística, mas tentei alcançar as respostas para meus questionamentos. Então, vamos lá:


O Consórcio de Imprensa contabilizou, até dia 13 de abril de 2021, um total de 13.601.566 contaminados e 358.718 óbitos. Nos dados publicados na revista eletrônica Medicina S/A, estão as seguintes informações: a cada 1,37 milhões de infectados, 191,8 mil pacientes são hospitalizados. Partindo dos números do consórcio de imprensa, 14% dos infectados são hospitalizados. Dos pacientes hospitalizados, 64% são atendidos por leitos não críticos e 36% em leitos críticos (terapia intensiva).


Sendo assim, até o dia 13 de abril, foram 13.601.566 casos positivos de infecção por Covid. Se considerarmos que 14% destes casos tornaram-se pacientes hospitalizados, temos um montante de 1.904.219,24 pessoas que foram ou estão sendo atendidas em internação hospitalar.


Os valores de hospitalização por tipo de leito, levantados até dezembro de 2020, indicam que um leito hospitalar para atendimento não crítico, tem o valor global médio de R$ 1.139,00/dia e cada paciente em leito hospitalar para atendimento em terapia intensiva, representa o valor médio global de R$ 2.234,00/dia. Importante destacar que o tempo médio de permanência de paciente em quadro não crítico hospitalizado[3] é de 22 dias. Os pacientes críticos também permanecem a mesma média de 22 dias, contudo, em metade deste período o atendimento se dá em unidade de terapia intensiva.


Destaco, ainda, que 70% dos leitos direcionados para atendimento aos pacientes covid são públicos – em rede própria ou conveniada. E, que estes custos não consideram, por exemplo, a montagem de hospitais de campanha ou de estratégias para suportar a demanda extra pelo aumento do número de casos exponencial.


Tentando chegar na resposta para a minha pergunta, usando minha matemática sofrível e embasada na regra de três, (que é o meu limite de competência neste tipo de análise) cheguei a um valor possível. Vamos a memoria de cálculo:


(A) 1.218.700,30 pacientes não críticos internados x R$ 1.139,00/dia x 22 dias de internação = R$ 30.538.192.117,40

(B) 685.518,92 pacientes críticos internados x (R$ 2.234,00/dia x 11 + R$ 1.139,00/dia x 11) = R$ 25.434.808.488,76

(A) + (B) = R$ 55.973.000.606,16 é o custo do atendimento hospitalar aos pacientes covid até o momento.


Para aqueles não são bons com os números como eu, vou escrever o número por extenso: cinquenta e cinco bilhões, novecentos e setenta e três milhões, seiscentos e seis reais e dezesseis centavos.


Claro que o valor de hospitalização é apenas um indicador na pandemia e nenhum valor destinado ao cuidado hospitalar de pacientes deve ser questionado. Todo investimento para salvar vidas sempre será insuficiente.


Então me pergunto aqui: e se fossemos colocados em lockdown – total, real, oficial – por 30 dias, o valor destinado para auxílio emergencial não seria um investimento em saúde? Desculpem tratar desta forma, mas ando achando que só assim pra alcançar o pensamento daqueles que só pensam com cifras.


Ainda tenho perguntas sem respostas e que seguirei procurando e fazendo minhas aventuras matemáticas: qual valor destinado para o atendimento primário e domiciliar do paciente covid? E quanto custará o atendimento para reabilitação dos pacientes? E as famílias que perderam parte dos seus? Qual será o impacto financeiro? E o resultado do abalo emocional na saúde mental dos brasileiros[4] ? Somos o país que mais consome antidepressivos na América Latina e, também, o país com a maior prevalência de ansiedade no mundo. Qual será o impacto na população produtiva e economicamente ativa?


Como disse, eu não sou habilidosa na construção de estatísticas, métricas, cálculos. Mas sou bem boa em fazer perguntas e a minha insistência em ter respostas me coloca em situações como essa: tentar escrever sobre dados não compilados, fazendo cálculos por conta própria. Espero que a regra de três tenha me ajudado.


Por favor: mesmo que não você seja como eu e não entenda nada de estatística, é possível interferir nela freando seu crescimento! Mantenha todos os protocolos de segurança, saia de casa apenas se for necessário e sendo necessário, redobre os cuidados – inclusive ao retornar para sua casa. Se proteja, proteja todos ao seu redor. Se todos fizéssemos a nossa parte, os números não estariam crescendo de maneira tão rápida.

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