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Você já pensou que o índio também envelhece?

Dia 19 de abril, é dia do índio. Eles tem um artigo próprio na Constituição Federal, mas não me parecem estar contemplados nas políticas públicas.

Para ousar a falar de indígenas, preciso primeiro destacar que será tudo baseado nos pouquíssimos textos, artigos e pesquisas que localizei na internet.


Nunca fui numa aldeia, nem convivi muito proximamente com índios. Então, não tenho qualquer "lugar de fala" sobre o tema. Mas gostaria de aproveitar a data para refletir junto de vocês.

Sabemos que nas aldeias, os índios mais velhos são os responsáveis pela condução da tribo, sendo o pajé, o ancião, aquele que é a referência dos demais. Além disso, as comunidades indígenas não registram suas histórias de maneira ordenada e escrita, pois seus costumes, tradições e organização comunitária são repassados entre as gerações de maneira oral e na repetição de costumes e rituais.


Contar e ensinar as tradições, é papel dos mais velhos. Esta é uma grande diferença entre os índios e a comunidade não indígena: o papel dos mais velhos. Exemplificamos o respeito às pessoas idosas falando da sociedade oriental, quando temos o exemplo tupiniquim, nas nossas terras. Aliás, nas terras deles.


Os índios idosos são considerados parte produtiva da comunidade, mantendo suas tarefas e participação nas atividades em prol da tribo. Não são, portanto, tratados como incapazes pelo grupo onde estão inseridos e seguem mantendo os idosos inserindo nas rotinas de serviços, considerando suas possibilidades de saúde.

Dentre algumas leituras que fiz, percebi os registros de que esta é a segunda ou terceira geração onde o número de indígenas com 60 anos ou mais começa a ficar expressivo. Até pouco tempo, os índios não alcançavam os 70 anos com mais facilidade, por exemplo.


Assim como devemos tratar as comunidades não indígenas considerando as diferenças regionais, é como devemos fazer com as sociedades indígenas. Temos tribos em todas as regiões do país, sendo umas mais aproximadas do modo de vida da sociedade branca e outras com boa parte do seu modo de organização e vivência preservados.


O preconceito com os índios, contudo, é generalizado, perpassando todas as regiões do país. São tidos como "preguiçosos" ou como "interesseiros" por lutarem pela ampliação e manutenção das terras indígenas. São olhados com indiferença ao estarem nos centros urbanos vendendo artesanatos e buscando a subsistência mínima.


O preconceito invade as políticas públicas, especialmente quando falamos do atendimento das áreas da saúde e da assistência social. Os meios de organização, os protocolos de atendimentos, o número de profissionais e até o local físico onde conseguem ser atendidos, não consideram as particularidades indígenas. Nós repetimos o mesmo erro com tudo. Tratamos igual quem é diferente.


Por virarmos às costas para esta necessidade de atendimentos diferenciados, já levamos doenças que dizimaram aldeias inteiras, negamos o acesso rápido ao atendimento médico, desconsideramos suas manifestações religiosas, colocamos toda a existência e vivência dos índios em xeque, em total desrespeito.


Deveríamos começar pelo começo... sabendo quem são os índios e os índios idosos. Pesquisas, censo, dados. E, especialmente, oportunizar um espaço de fala dos povos indígenas. Um espaço de respeito, não de mero formalismo.


O dia 19 de abril foi proposto pelas lideranças indígenas do continente americano no Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México em 1940. No Brasil, apenas com a intervenção do Marechal Rondon, a data foi oficializada, em 1943.


Parece clichê. Mas o dia do índio, deveria ser todo dia. São os povos originários do nosso país, estavam aqui antes de qualquer "descoberta" e foram escravizados, tratados como animais, amarrados e dizimados aos milhares. Mas não carregamos esta culpa histórica, digo que nós, os "não indígenas". E sabem por quê? Porque mal lembramos da existência deles no nosso dia-a-dia.


Mas todo dia, é dia do índio...

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